Cametá foi lar de uma expressiva comunidade judaica, chegando a contar com mais de 7.000 judeus, segundo o rabino Abraham Hamu. O cemitério judaico da cidade, construído no final do século XIX, abrigou mais de 76 sepulturas conhecidas, enquanto um antigo cemitério do século XVIII não deixou vestígios.
A Sinagoga dos Hebraicos de Cametá, inicialmente chamada Beit HaShalom (Casa da Paz), foi uma das primeiras sinagogas estabelecidas na Amazônia brasileira, datada entre 1824 e 1825. A legalização de cultos não católicos, pelo Artigo 5º da Constituição de 1824, permitiu que a sinagoga funcionasse na primeira rua da cidade, nos fundos do prédio comercial da família Cohen. Entretanto, com o tempo, a erosão e as cheias do rio Tocantins destruíram a construção. Alguns objetos sagrados foram preservados, sendo encaminhados às comunidades judaicas de Belém e Manaus.
No final do século XIX, os judeus dominaram parte do comércio local, tornando-se protagonistas da elite econômica e política da região. Em 1888, a sinagoga passou a abrigar uma Yeshivá, onde se ensinava Torá, Tanach, Talmude, hebraico e francês, sob a liderança de Isaac Melul. Escritores renomados, como Victor Tamer, descreveram a comunidade em suas crônicas, registrando memórias de idas ao Shabat e ao estudo de francês na sinagoga.
Em 1903, a comunidade adquiriu um prédio próprio para a sinagoga, que passou a ser popularmente chamada de Sinagoga dos Hebraicos. Registros históricos da prefeitura de Cametá confirmam essa referência.
A comunidade judaica de Cametá era extensa e influente, abrangendo cidades vizinhas como Baião, Mocajuba e diversas ilhas do rio Tocantins. Dentre as famílias pioneiras, destacam-se os Bensiman, Cohen, Bemuyal, Benassuly, Sabbá, Elarrat, Azancot, entre outras.
Atualmente, ainda restam vestígios dessa história nas vilas fundadas por judeus marroquinos, como a Vila do Tocantins (Vila do Carmo), da família Laredo, e Carapajó, fundada por Santino Cohen. Edificações, cemitérios e sobrenomes são testemunhas desse legado.
O processo de restauração e retorno da sinagoga foi conduzido por descendentes israelitas, os Bnei HaKehilah (Filhos da Comunidade). Em 2010, começou o movimento de resgate da história e estudos judaicos, levando várias famílias ao retorno ao judaísmo, incentivado por descendentes da antiga comunidade judaica de Cametá espalhados pelo mundo.
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